O grande medo de todo médium que inicia sua caminhada na Umbanda é o da incorporação consciente.

Nove entre dez médiuns sentem-se inseguros em suas primeiras incorporações. É muito comum ouvirmos frases do tipo “Eu vejo tudo, não posso estar em transe”.

A culpa dessa dúvida que assola nossos terreiros é dos próprios dirigentes que não esclarecem aos iniciantes como é esse processo e dos irmãos mais antigos que insistem em dizer que são totalmente inconscientes, talvez para valorizar a mediunidade deles ou com medo de serem tachados de mistificadores.

Acalmem-se todos!

Há muitos anos as entidades deixaram de usar a inconsciência como fator preponderante para o bom trabalho exercido pelo médium. E isso deve-se ao mundo de hoje. Ações de isolamento voluntário, não comer carne vermelha, não fazer sexo ou atividades sensuais em até 48hs antes do trabalho e 24hs depois, guardar os dias de Oxalá, não beber bebidas com álcool sem controle, não fumar, evitar café, sempre ter dentro de casa um animal de nanã para descarrego involuntário (peba ou jabuti), uma planta para proteção na linha de Oxóssi (Pião de Ciência), um patuá, enfim, várias ações hoje desconsideradas, mas de grande importância para uma real afirmação das entidades para com o médium.

O mundo moderno aproxima as pessoas cada vez mais, seja através de rede sociais ou mesmo através de todas as formas de lazer e fortemente através do sexo.

Hoje temos médiuns que mal entram dentro de uma religião de Matriz Africana e já bate no peito afirmando já saber feitiço e até mesmo matar pessoas com magia negra. Isso particularmente não me encanta. Já vi muitos médiuns “sabidos” em muito pouco tempo até mesmo perder suas vidas por causa destas ações. Livros ensinam feitiçarias tem aos quilos no comercio. Mas, procure em um como se limpar depois de uma trabalho destes ?!?

Para receber uma entidade de forma inconsciente, o médium tem que se doar muito a religião. Hoje sabemos que noventa e cinco por cento dos médiuns são conscientes ou semiconscientes.

A inconsciência completa é muito rara e pouquíssimas vezes revelada, justamente para não causar essa insegurança tão presente em nossa religião.

Pensemos no exemplo da água misturada ao açúcar.

Quando adicionamos um ao outro teremos um terceiro liquido inteiramente modificado, mas com ambos os elementos nele. Assim se processa a incorporação, a mente do médium aliada à energia gerada pela entidade que se aproxima, unem-se em perfeita harmonia e conseguem, utilizando os conhecimentos de ambos, um trabalho mais compacto e correto.

Não se acanhem em dizer que são conscientes, pois a insistência dessa postura pode levá-los a falhas que aí sim, darão margens à suspeitas de mistificação.

Nos primeiros anos da Umbanda havia a maior facilidade da inconsciência, os médiuns tinham suas vidas praticamente voltadas aos compromissos da religião. Hoje, a mudança é presente, o médium tem outras atividades fora do terreiro.

Com a evolução constante da lei, todos conhecem perfeitamente as capas fluídicas que nossas entidades usam e não existe mais a necessidade delas esconderem de seus médiuns a forma com que se apresentam.

O cuidado a se tomar nos terreiros cabe aos dirigentes com informação e doutrina abundante para que o velho fantasma da insegurança se afaste de vez de nossas casas.