Entenda por que os mentores da Umbanda se apresentam como pretos-velhos, caboclos (índios), erês…
A respeito dos pretos–velhos, a senhora poderia tecer alguns comentários a respeito da linha e da forma plasmada/roupagem fluídica utilizada pelos espíritos que nela militam?
Vó Benedita
– A linha de pretos-velhos, meus filhos, é uma linha como qualquer outra dentro da Umbanda.
Um grande equívoco é pensar que todo preto–velho foi negro, ou morreu velho em sua última encarnação, o que muitos sabem, não é bem verdade.
Existem muitos irmãos que utilizam a aparência de preto–velho, mas nunca foram escravos no Brasil nem em qualquer lugar do mundo.
Na verdade essa linha nasce como forma de organização de todo um contingente de espíritos que iriam atuar dentro do movimento umbandista que surgia.
As primeiras linhas fundamentadas foram a de caboclo e pretos–velhos.
Utilizou–se uma figura mítica já presente dentro da cultura brasileira e criou–se toda uma linha de trabalho, onde todos os seus representantes teriam trejeitos e características similares.
Surgia a linha de preto–velho, uma linha transmissora da calma, da sapiência, da humildade, detentora do conhecimento sobre os Orixás e que, acima de tudo, falaria ao simples de coração até ao mais erudito doutor, sempre com palavras de amor e espalhando luzes dentro da espiritualidade terrena. Era uma forma de identificar e aproximar a população ao culto nascente.
Era uma forma de homenagem.
Era também uma forma de hierarquizar e organizar.
Além disso, temos a questão arquetípica e mítica por detrás de cada uma das linhas.
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