Ontem, fui abordado por 4 pessoas no momento em que saia de casa. Era 4 evangélicos (que ao me vê correram para minha direção e até já sabiam meu nome). Se apresentaram, me ofertaram uns folhetos e disseram terem a a solução de todos os meus problemas e a Salvação Eterna pronta para me dá, todos alegres e felizes.

Diante da minha recusa veemente, vi seus rostos secarem estupefatos e sem compreender a minha atitude. Senti suas dificuldades em aceitar o fato, que eu tinha recusado a solução, que para eles além de ser legítima é na convicção deles, a única capaz de resolver de forma inquestionável todos os meus problemas.

Depois, dirigindo em um trânsito quase parado fui meditar no fato ocorrido. Lembrei que os kardecistas costumam dizer que: “Fora da caridade, não há salvação!”.

Concordo, mas temos que ter o cuidado de NÃO interferir no processo cármico e do livre arbítrio. Devemos ter o cuidado de não exagerar diante de uma oferta e não exaurir os nossos recursos.

Me faz lembrar da Parábola dos Talentos – Lucas 19, 12-26. A Parábola dos Talentos é uma exortação aos que acreditam em Deus (Olorum) e seus dons. Há aqueles que tem coragem de assumir os riscos em nome da Caridade para com o próximo e utilizar para este fim os dons dados por Deus. E multiplicar os talentos (Filhos de Santo) em nome de Deus (Olorum). A não utilização dos talentos, a parábola sugere, irá resultar em julgamento severo.

É justamente aí que devemos olhar a necessidade real para tal Caridade, de observar se a caridade que farei irá ajudará de fato e finalmente se a pessoa está pronta para ser ajudada.

Caso contrário, ajuda ofertada, ajuda rejeitada, ou na melhor das hipóteses mal utilizada. Resumindo, talento perdido.

Tem certas horas que melhor é ficar calado e esperar que o sapato novo crie calo. O tamanho da necessidade, em determinados casos, é que forja a humildade de se aceitar o que se oferece de bom grado e sem segundas intenções.
A dor ensina a gemer e o pedido de ajuda surge espontaneamente como consequência natural.

Ou seja, a oferta espontânea da Caridade é prejudicial ao Umbandista. Pq a nós foram dados os Talentos, o dom de distribuir dons. E muito será cobrado tbm. Sempre fomos os “diferentes” em todos os seguimentos religiosos. Pois nossa humildade é que é nossa maior força.

Já escultei muitos irmãos do Candomblé alertando que devemos chamar nossos Orixás pelo nome correto e não pelo sincretismo; Os católicos apostólicos romanos que “expulsaram” nosso Santo São Jorge; e os evangélicos que invadem nossas vidas seja no mundo ou via internet e xingam, ofendem e perturbam. E nós humildemente continuamos a nossa caminhada sem nada responder, lembrando e relembrando nossos pretos-velhos no açoite. Isso pq nossa religião foi fundamentada na dor. No encantamento do sofrimento de nossos Guias. E relembrando nossa penitência citada por Jesus Cristo (Oxalá), “Mestre, disse João, vimos um homem desconhecido expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos.

– Não o impeçam, disse Jesus. Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor. Eu lhes digo a verdade: Quem lhes der um copo de água em meu nome, por vocês pertencerem a Cristo, de modo nenhum perderá a sua recompensa. ” – Marcos 9:38-41

Somos o discípulo desconhecido. Somos o ponto de interrogação. Somos a tropa de choque. Somos a Umbanda.

E devemos ter cuidado de não ofertar caridade, mesmo a quem precise. Pois poderão esta jogando pérolas aos porcos. A fé, o desejar deve ser o mais importante. O Umbandista deve ser procurado para poder unir a fé e o milagre em um momento único da vida de uma pessoa. Conquistar pelo coração e não pelos olhos com grandes eventos, um grande templo ou na vaidade material. Nosso tesouro não é deste mundo e sim espiritual.